quarta-feira, 29 de junho de 2016

Castelinho

O Forte de São Sebastião, também conhecido como Castelinho, localiza-se no porto de Pipas, na cidade de Angra do Heroísmo.
Em 1572,  D. Sebastião atendendo a uma exposição da Câmara Municipal de Angra, determinou a construção de dois fortes, um dos quais no porto de Pipas. As obras iniciaram-se sob a invocação de São Sebastião em homenagem ao monarca
Edificado numa pequena colina junto da baía de Angra, foi a primeira grande fortificação marítima na cidade. Supõe-se que a construção da última muralha já seja do período da Dinastia Filipina Este forte cruzava fogos com o do Monte Brasil, na defesa do porto de Pipas, que era, à época, o mais importante ancoradouro e estaleiro da ilha onde escalavam as embarcações da Carreira da Índia e as frotas do Brasil, em trânsito para o Reino de Portugal. A importância de sua posição decorria da facilidade com que se podia fechar militarmente a baía de Angra.

Postal circulado em 25/09/1904, de Lisboa para Bamberg, Alemanha. No verso, marca de chegada em 30/09/1904.


terça-feira, 28 de junho de 2016

Coimbra Sé Velha

A Sé Velha  foi mandada construir por D. Afonso Henriques, em 1139, após a  Batalha de Ourique. 

Em 1185, devia estar em fase adiantada de construção  pois D Sancho I, o segundo rei de Portugal, foi lá coroado. Os trabalhos principais terão ficado concluídos  no séc. XIII, com a construção do claustro, já em estilo gótico. No século XVI decoraram as naves com azulejos e foi construída no lado norte, em estilo renascentista,  a Porta Especiosa, que se pode ver no postal abaixo.

É a única das catedrais portuguesas românicas da época da Reconquista a ter sobrevivido relativamente intacta até os nossos dias.

Lisboa vista do Tejo

Postal dos finais do séc XIX, circulado em 27/12/1898 de Lisboa para Dresden, Alemanha. Carimbo de chegada de 30/12/1898.



Lisboa vista do mar - postal não circulado

Açoriana de Capote-e-Capelo

O peculiar Capote-e-capelo foi, durante séculos, o traje tradicional da mulher em algumas ilhas açoriana. Noutras, como é o caso da ilha Terceira, o capote era substituído pelo manto. A sua origem é controversa. Alguns afirmam que teve origem flamenga, outros,  uma adaptação dos mantos e capuchos que, nos séc. XVII e XVIII,  estavam na moda em Portugal, outros ainda que foi inspirado pelo manto da virgem e outras figuras bíblicas.
O capote consistia numa grande e rodada capa, que cobria a figura feminina. O capelo, amplo capuz suportado por um arco de osso de baleia e forro de cânhamo, que lhe assegurava a forma e consistência,  assentava sobre os ombros e permitia apenas um vislumbre do rosto da mulher.
O capelo usado nas ilhas do Faial e  de Santa Maria tinha a forma extravagante de uma cunha sobre os ombros e que se projectava em frente por mais de um palmo.
  



Em S. Miguel o capelo era menos avançado sobre o rosto. Aqui vemos dois exemplares do capote-e-capelo vestidos por mulheres micaelenses.
 


Este traje além da sua função de abafo, muito conveniente para ir à missa mas também para encontros mais reservados, remetia o papel da mulher para uma quase exclusão da sociedade, uma vez que, completamente cobertas, jamais alguém descobriria a sua identidade e apenas o calçado a podia denunciar

 

 

A característica comum a todas as variantes era ser sempre confeccionado num forte tecido grosso, azul-eléctrico ou negro.  





Raul Brandão, em 1926, escreveu: “O que dá um grande carácter  a esta terra é o capote. A gente segue pelas ruas desertas e, de quando em quando, irrompe duma porta um fantasma negro e disforme, de grande capuz na cabeça (…)  Começo a achar interesse a este fantástico negrume e resolvo que devia ser o único traje permitido às mulheres açorianas. À saída da missa gosto de ver a fila de penitentes que se escoa pelas ruas… (…) Envolve o corpo todo, e, puxando o capuz para a frente ninguém a conhece. O que uma mulher que use o capote precisa é de andar muito bem calçada, porque tapada, defendida e inexpugnável, só pelos pés se distingue;  pelo sapato e pela meia é que se sabe se é bonita a mulher que vai no capote. O capote herda-se, deixa-se em testamento e passa de mães para filhas o capote numa casa serve às vezes para toda a família. Mulher que precisa ir à rua de repente, pega nele e sai como está.— este já foi da minha avó— diz-me uma rapariga.—Era dum pano inglês escuro, dum pano magnífico que dura vidas.”
 (Raul Brandão, in As Ilhas Desconhecidas, 1926)  

 

Leite de Vasconcelos, quando visitou os Açores no verão de 1924,  também testemunhou o uso de mantos e capotes pelas mulheres das ilhas Terceira e Faial. Até meados do Séc XX  era frequente encontrar nos meios citadinos mulheres envoltas no seu capote e capelo armado.

Na ilha Terceira, em vez do capote e capelo, usava-se o manto, que cobria a mulher da cabeça aos pés e era apertado na cintura.

 
"Manto" - ilha Terceira



" Manto"

"Manto e capa"



Com a modernização dos tempos e a evolução dos costumes, a mulher açoriana abandonou o uso do manto e do capote-e-capelo. Actualmente, tornou-se num símbolo do vestuário tradicional  açoriano, divulgado quase exclusivamente pelos ranchos folclóricos e grupos etnográficos.